sexta-feira, 19 de julho de 2013

Espelhos, Espelhos

Dois pontos
Um em cima do outro
Parece um espelho
Parece mesmo

Isso já faz muito tempo
Quase eras
Hiperbolismo mata
Mas isso não

Saudade palavra portuguesa
Essa é nossa
Só tem aqui
Aqui em mim

Abstinência de você
Quanta criatividade
Quanta Carência
Quanta Saudade

domingo, 14 de julho de 2013

Quatro quebrado as quatro por quatro

É esse meu afã:
Explodir pelos ares,
Ir embora.
Acalmar esse mar.

Falta ou Excesso?
Coragem ou Covardia?
Não qual combinação me pertence,
Mas alguma está em mim, eu sei.

É ser tão miserável assim?
É ser tão pobre?
Abrir os olhos, não por causa de um lampejo
Mas por causa de gritos audazes. Vorazes.

Gritos que me fazem tremer.
Querer quebrar tudo.
Mas de nada adiantaria.
Já estou todo quebrado.

sábado, 13 de julho de 2013

Falso Soneto

Essa depressão insurgente
Doida pra sair.
Mas não, não vou deixar
Você vai ficar ai, entendeu? Quietinha.

Paredes brancas.
Queria quatro delas.
E um teto.
E um chão.

Isolamento?
Solução?
Enganação?

Libertamento?
Problema?
Verdade?

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Psicodelia da noite passada

Era noite, mas também era dia.
Havia uma menina chamada Natureza.
Não por metáforas, era esse mesmo.
Ela lia um livro de capa amarela.

Eu corria de uma avião que voava baixo.
Baixinho.
Soltava um líquido.
Me apavorei. Corri. Meu pai que mandou.

A esquina chegou, Natureza tombou.
O buraco na sua frente ela não viu.
Imersa nas letras do tal livro amarelo.
Ela andava de bicicleta. Também.

Um mar de areia tampou Natureza.
Até então, eu não sabia seu nome.
Ela ainda falava. Mesmo de baixo da terra.
Então eu perguntei: "Qual seu nome?"
"Natureza", disse ela, cujo o rosto eu já não via.

Chamei os bombeiros, e sentei do lado dela.
Ela não estava lá, mas estava.
Minha mãe gritou meu nome. Eu corri de novo.
Tomei água e voltei.

Berrei com minha mãe.
Só queria ajudar a pobre garota enterrada.
Ela pareceu não entender. Mas meu pai entendeu.
Eu voltei, mas os bombeiros foram embora.
Eles vieram e voltaram.

Chamei uma ambulância. Eles vieram e tiraram.
Quem saiu de dentro não foi Natureza.
Foi outra mulher. Não é metáfora, era outra mulher mesmo.
Ela me pediu onze reais.

Ai eu desmaiei.
Salvei a vida, gritei com minha mãe e corri de um avião.
Mas onze reais é de mais.
Eu desmaiei mesmo.




quinta-feira, 11 de julho de 2013

Câncer

Linhas idiotas.
Linhas idiotas que me fazem querer gritar.
Gritar. Gritar sem falar. Gritar dentro da minha mente.
Já grito a tanto mas nunca ouvi som nenhum.

Na verdade são muitos sons.
Tantos, que se tornam nada.
Nada que não é vazio.
Nada que é cheio de coisas vazias.

Coisas sem nexo, inconsistentes e inerentes.
São cacos de vidro que já foram agrupados e quebrados.
E agrupados e quebrados.
E agrupados e quebrados.
E agrupados e quebrados.

Malditos cacos de silício que me furam por vezes.
Sorrio, mesmo com o sangue latejando pelas feridas.
Milhões de hemoglobinas indo embora.
Indo embora para o nada levando meu oxigênio.
É tudo como monóxido de carbono.
Instável.
Que rouba o único oxigênio presente na hemoglobina.
Carbonizando meu cérebro.
Mas não o lóbulo frontal, não o cerebelo.

Isso é um tumor emocional.
É um câncer que atinge a alma.
Fazendo do meu corpo um hospedeiro.
Um hospedeiro que me faz querer ir embora, mas não para longe.
Ir embora, mas ficar aqui mesmo.